terça-feira, 27 de setembro de 2011

Arte corpo, corpo arte


 Intrigado, reflexivo e, sobretudo, impressionado. São a esses sentimentos que somos remetidos na exposição  “Arqueologia do cotidiano: objetos de uso”, de Letícia Parente, aberta  de 25 de julho a 4 setembro, no Museu de Arte Moderna da Bahia. Sobre a curadoria de Katia Maciel e André Parente, filho de Letícia, a mostra inédita em Salvador, cidade natal da artista, traz trabalhos como o comentadíssimo vídeo, Marca Registrada, onde a artista borda, na sola do pé, a inscrição “Made in Brasil”, em uma clara crítica sobre a coisificação das pessoas, rebaixando o próprio corpo humano a um status de simples objeto.
Utilizando muitas vezes o corpo como suporte, a artista baiana, reinventa o cotidiano, fazendo com que o espectador reflita e interaja com sua obra. Críticas sobre a ditadura militar, o consumismo desacerbado, os padrões impostos pela cultura de massa são apresentadas em metáforas sutis e leves, em vídeos produzidos na casa de Letícia.
O ápice da exposição, no entanto, está na instalação Ora Pro Nobis, em montagem inédita na Capela do Solar do Unhão. O público tem nesse momento a oportunidade de experimentar e inundar os sentidos, observando uma sucessão de gestos, pés e mãos entrelaçadas, com uma voz ao fundo que reza a expressão em latim- que quer dizer ”rogai por nós”- como se fosse um mantra, dando um banho sinestésico ao visitante.
 Letícia Parente foi uma das precursoras da vídeoarte no Brasil. Sua obra perdura até hoje, influenciando diversos artistas contemporâneos.

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