segunda-feira, 26 de setembro de 2011

E se o mundo acabasse?

Em pouco mais de duas horas, a obra de Lars Von Trier aborda a ambiguidade do ser humano e traz uma espécie de desconstrução da realidade.

O apocalipse, duas perspectivas diferentes, e o cineasta dinamarquês Lars Von Trier na autoria do longa-metragem. O que esperar de Melancolia, se não umas doses de devaneios e depressão? O filme dividido em dois momentos traz a experiência de uma vida protagonizada por Justine (Kirsten Dunst), que tem data programada para acabar. Logo no início do longa assinado pelo mesmo autor de "Anticristo", o público já pode desfrutar de uma chuva de belas imagens que, em cerca de cinco minutos, representa a entrada para uma experiência visual estonteante.

Com um quê futurista, em pouco mais de duas horas, a obra aborda a ambiguidade do ser humano e traz uma espécie de desconstrução da realidade. Na quebra das convenções sociais, Melancolia traça a trajetória de vida de duas personagens excêntricas que, exceto a carga genética, não trazem semelhanças no jeito de comportar-se sobre a vida. São escolhas e pensamentos que fazem o público embalar nas histórias vividas pelas irmãs Justine (Kirsten Dunst) e Claire (Charlotte Gainsbourg) – e também perceber Lars Von Trier intrínseco nas confusões das personagens principais. 

Apesar da lentidão das belas imagens durante a primeira parte, Melancolia constrói uma trajetória, que, exceto para os que abandonam a sala do cinema antes do fim, consegue despertar o interesse dos espectadores com todos os devaneios vividos pelos personagens, antes e após o conhecimento da colisão entre o planeta "Terra" e o "Melancolia".

E de nada adiantaria a destruição da Terra para dar fim aos questionamentos levantados por um cineasta que, após declarar que entendia Hitler, foi considerado “persona non grata” no Festival de Cannes. A tristeza do filme traduz essa visão desacreditada no ser humano de VonTrier. Possivelmente casos de depressão não renderão tão bons resultados quanto Melancolia, onde se mistura belas imagens, monotonia e uma tristeza vaga – que indiscutivelmente merece ser vivida, pós-filme, pelo público.

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