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Permito-me um clichê e aviso: Melancolia (2011) é um filme triste. Previsível demais, eu sei, mas o adjetivo parece perfeito para definir o novo longa do polêmico Lars Von Trier. Sim, é aquele diretor mesmo que, em uma infeliz declaração no Festival de Cannes (no qual o filme levou o prêmio de melhor atriz), disse entender Hitler e que tem longas inquietantes como O Anticristo e Dogville na bagagem.
O filme é uma história sobre o fim do mundo, quando a Terra está prestes a se chocar com um planeta chamado Melancolia, que até então passava despercebido escondido atrás do sol. Porém, não será preciso ser um espectador dos mais atentos para perceber: a verdadeira história é sobre a solidão, sobre a fragilidade humana, centrando-se no caminho das irmãs Claire (Charlotte Gainsbourg) e Justine (Kirsten Dunst), que esperam, impotentes, o momento da colisão entre os planetas.
Dividido em duas partes (fica a impressão de que se trata, na verdade, de dois filmes diferentes), Melancolia começa com uma sequência de imagens estáticas, que dão lugar ao casamento de Justine, o retrato de uma vida de aparências e de uma felicidade ilusória. Sem muitas explicações, a história segue outro rumo e ganha uma tensão surpreendente, focada na depressiva Clair. É então que o ser humano aparece como uma figura insignificante, a quem cabe somente o fim.
Não é segredo que Von Trier buscou, no passado, inspiração em sua depressão para filmar. A dor aparece na trama em cenas pesadas, em frases impactantes, em ritmo lento. Melancolia é isso: a representação poética da dor – onde o diretor brinca, em imagens belíssimas, com o sentido da existência humana, em uma descrença envolvente.
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